sexta-feira, novembro 30, 2018

Deixa o Alfredo Falar

Título: Deixa o Alfredo Falar
Autor: Fernando Sabino
Editora: Record
Páginas: 213 (215 Índice)

Esse é um livro de crônicas, que na verdade é uma coletânea de textos publicados em jornais e revistas, acredito eu, na sua maioria, senão todas, escritas na década de 70 do século passado. O título do livro, "Deixa o Alfredo Falar" é o título de uma das crônicas que conta o caso do Alfredo tentando falar alguma coisa sobre futebol com Dagoberto e sendo "interrompido" por ele o tempo todo. Eles estavam em um apartamento, até que algum vizinho abre uma janela próxima e grita "Dagoberto, deixa o Alfredo falar!". São crônicas com viés de humor, e na maioria delas, Fernando Sabino as escreve como ele mesmo. Embora seja mineiro, ele morava no Rio de Janeiro, que é "palco" da maioria dessas historinhas. Elas são quase todas curtas, mas tem algumas exceções com mais páginas.
É um livro que se lê rápido e é gostoso de ler, mas é de uma literatura bem simples. Pode ser interessante entender nas entrelinhas, como era a vida naquela época. É o tipo do livro que eu considero como passatempo, que pode ser muito bom para ler antes de dormir ou em um lugar de espera como sala de embarque, consultório de dentista ou médico, na fila do banco ou mesmo durante uma viagem. Para isso ele é excelente. Nota 6.0

terça-feira, novembro 27, 2018

Café-da-manhã com Tiffany

Título: Café-da-manhã com Tiffany (Breakfast with Tiffany, An uncle´s memoir)
Autor: Edwin John Wintle
Editora: Rocco
Páginas: 355 (Agradecimentos 357-358)
ISBN: 97885325213300

Tradução: Márcia Prudêncio

Esse á história real contada por Edwin Wintle, o tio Eddy, que mora em Nova York e é gay. A família dele é de New Milford, Connecticut. Tiffany, sua sobrinha de treze anos está em uma fase difícil com um comportamento inadequado, talvez devido a más companhias, e está deixando a sua mãe, Megan, irmã de Edwin, muito estressada. Edwin havia convidado Tiffany a morar com ele em Nova York, mas ele mesmo não acreditava nessa possibilidade, porém um dia Megan liga para ele desesperada e aceita a oferta. O livro basicamente conta a história dos meses iniciais que tio e sobrinha moraram juntos na Big Apple. A convivência e os inevitáveis confrontos, com brigas até certo ponto sérias, sobretudo, claro, devido principalmente ao controle que tio Eddy precisa impor à Tiffany com intuito de preservá-la em maior segurança possível, são narrados com detalhes no texto do livro. É interessante que ela, com 13 anos usava maconha e álcool,  isso não era visto como uma transgressão tão séria assim. É uma cultura diferente. Além disso, como parece que são os jovens americanos, os amigos são a "coisa" mais importante para eles, aparentemente até mais do que a família.
O livro acaba, mas história continua. Talvez um dia Edwin escreva uma continuação, o que seria uma boa ideia.
O livro é dividido em três partes: Outono, Inverno e Primavera, e em cada parte há alguns subcapítulos com títulos inerentes a passagem. É um livro cronológico, embora em alguns momentos o autor relembre passagens anteriores da vida da família, mas são casos pontuais.
É bom de ler. Inicialmente achei que era uma história estranha e sem sentido para ser colocada em um livro. É um pensamento errado, qualquer história pode ser boa se bem contada, e acho que Edwin fez isso muito bem. Apesar de ser uma história real, o autor coloca uma nota no início do livro avisando: "Os nomes e outras características distintas das pessoas incluídas nessas memórias foram alterados.". Acredito que isso não tenha influência na essência da história. Realmente vale a pena ler. Nota 6.5

quarta-feira, novembro 21, 2018

A Década Roubada



Título: A Década Roubada (La decada robada)
Autor: Jorge Lanata
Editora: Planeta
Páginas: 335
ISBN: 9788542204445


Tradução: Adriana Marcolini, Eduardo Szklarz e Simone Biehler Mateos


Jorge Lanata é um importante jornalista e escritor argentino que descreve nesse livro a ascensão ao poder dos Kirchner, Néstor e Cristina, sua esposa. Oriundos do sul do país, eles chegam a presidencia com aquele populismo de esquerda no qual muita gente ainda acredita. É impressionante como há corrupção, mandos e desmandos dos pinguins (assim eram chamados) e de seus aliados. Quando eles julgavam necessário simplesmente removiam as pessoas dos postos e colocavam aliados para que se perpetuassem no poder. Realmente esse tipo de coisa acontece na América Latina como o caso da Venezuela e era um perigoso caminho que o Brasil vinha trilhando com o PT. Em todos os campos houve corrupção, e a população, principalmente os mais pobres, sofreram, e certamente ainda sofrem muito com o descaso dessas duas figuras que ocuparam a presidência de um páis tão importante como a Argentina.
Não é um livro muito gostoso de ler. Além da tristeza pelo povo Argentino, no que tange a leitura, Jorge Lanata cita muitos números, e em alguns casos até gráficos. Ele reproduz algumas entrevistas e artigos que saíram em alguns periódicos. Os Kirchners perseguiram de forma covarde, principalmente o "Clarin" e o "La Nacion", grandes jornais argentinos. Ainda que a leitura nem sempre seja agradável, a prosa não é ruim, e é claro, importante para quem queira entnder o que foi o "Kirchnerismo" na Argntina. Nota 4.5

segunda-feira, novembro 12, 2018

O Rei da Vodca


Título: O Rei da Vodca (The King of Vodka)
Autor: Linda Himelstein
Editora: Zahar
Páginas: 319 (321-340 Notas, 341-343 Bibliografia selecionada, 344-345 Agradecimentos, 346-353 Índice remissivo)
ISBN:9788537803189

Tradução: Ana Beatriz Duarte

"O Rei da Vodca" conta a história de Piotr Arsênievich Smirnov e sua família. Ele foi um servo da Rússia czarista, que no século XIX, percebeu uma possibilidade de ganhar dinheiro fabricando vodca, uma bebida que os russos consumiam muito. Ele acabou por criar uma indústria milionária, que foi praticamente extinta com o monopólio estatal de 1901 e  depois com a revolução bolchevique. Seus herdeiros esbanjaram muito dinheiro e quando o pai morreu, tentaram manter a empresa funcionando, todavia se desentenderam e acabaram por se separar, mas houve um que foi para Paris e conseguiu manter viva a chama da companhia que o pai construiu. O livro tem, obviamente, como pano de fundo a história da Rússia do século XIX ao século XX, mostrando toda a mudança de costumes que caracterizaram o país nessa época.
É quase um livro didático de história, e ajuda muito a compreender o que fez a Rússia se transformar na União Soviética e as marcas profundas que essa mudança causou ao povo daquele país.
É realmente muito instrutivo e o achei imparcial politicamente.
É dividido em duas partes e um epílogo, com sumário e as notas chatas que ficam no final do livro, mas isso é contornável, pois são praticamente só referências de onde a informação foi obtida. Não há necessidade de ler.
Embora o livro seja sobre a história de uma das maiores indústrias de bebida do mundo, também fala sobre o mal que o alcoolismo provoca na sociedade, inclusive essa preocupação sempre esteve presente nos diversos governos russos, que não foi mais combatido por causa do lucro que a venda da bebida retornava ao estado. Inclusive, a perestroika (reestruturação) que Gorbachev introduziu na União Soviética nos anos 80 do século XX, tinha como alvo inicial, não a economia, mas sim o alcoolismo. É um livro bom de ler, com uma pesquisa minuciosa sobre todos os fatos narrados, inclusive com a preocupação da autora de dizer sempre quando uma coisa era confirmada ou era apenas uma suposição. Obviamente é narrado a época em que a marca acaba por ter seu nome mudado para Smirnoff.
Para quem gosta de história, da Rússia, ou de vodca, vale a pena ler. Nota 7.0

quinta-feira, novembro 01, 2018

Infiltrado


Título: Infiltrado: a história real de um agente do FBI à caça de obras de arte roubadas (Priceless (How I Went Undercover to Rescue the World´s Stolen Treasures)
Autor: Robert K. Wittman com John Shiffman
Editora: Zahar
Páginas: 313 (315 Nota do autor, 317-319 Agradecimentos)
ISBN: 9788537806913

Tradução: Alexandre Martins

O livro conta a história de Robert Kittman (Bob), um agente do FBI que fundou a "Equipe de Crimes contra a Arte" do departamento. Ele conta alguns casos que resolveu recuperando obras de artes e antiguidades e as devolvendo para o museu. Nesse tipo de crime o objetivo principal é sempre a recuperação dos objetos, antes mesmo da prisão dos responsáveis. Segundo o autor, o FBI valorizava mais a investigação de outros tipos de crime como assaltos a banco, assassinatos, e terrorismo. Entretanto ele argumenta que o roubo a obras de artes é um crime gravíssimo que usurpa a cultura e a história de um povo. Ele conta casos nacionais e internacionais, inclusive um no Rio de Janeiro.
O livro é dividido em quatro partes: "Alla Prima", "Histórico", "Corpo da Obra" e "Operação Obra-Prima", e cada parte tem seus subcapítulos.
O texto é muito bem escrito, e a leitura muito agradável. O leitor aprende um pouco sobre artes e entende como é importante o resgate desses objetos para a história de um país. O livro adquire às vezes a característica de um romance policial, com suspense e reviravoltas dignas de ficção, apesar de ser baseado em fatos reais. Realmente o autor foi muito bem na prosa, e um assunto - arte - que não está entre os meus favoritos, se tornou bem interessante para mim. É inacreditável o valor que alguns quadros de grands pintores chega a custar. Além da história dos roubos, compreendemos como burocracia e  vaidades podem comprometer um caso policial. Nota 7.5