sexta-feira, fevereiro 19, 2021


Título: Cartas sobre o comércio de livros (Lettre sur le commerce de la librairie)
Autor: Denis Diderot 
Editora:Casa da Palavra
Páginas: 140 (141-142 Notas) 
ISBN: 8587220616

Tradução: Bruno Feitler 

O livro é uma extensa "carta" para os livreiros. Ele foca sobre direitos autorais e coisas afins. O quanto o editor tem direito sobre o que um autor escreve? Quanto ele ganha com isso? Quanto deve um "livreiro" lucrar com o talento de alguém que passa noites insones escrevendo. É uma carta grande e enfadonha, sinceramente não entendo como alguém publica um livro desses. E ainda traduziram para o português!
Achei o livro um tanto quanto caótico. Nem sei bem o que Diderot defendia, embora o fizesse com galhardia. Ele defende um lado que eu mal entendi. Acredito que esse livro só deva interessar a alguém que estude literatura francesa, porque quase tudo que o autor fala tem a ver com "livreiros" franceses. Ele inclusive cita certas regiões da França como publicadoras de autores da capital. E claro, critica os procedimentos nacionais (da França) avisando que os estrangeiros podiam publicar autores franceses e se aproveitar dos talentos locais para ganhar dinheiro. Eu achei um livro muito confuso, em forma de carta, e não aconselharia a ninguém a ler, a menos que esteja interessado em história e literatura francesa. Até porque quase tudo que o autor cita se passa nos anos 1700 e na França. Nota 3,5

terça-feira, fevereiro 16, 2021

O Avião


Título: O Avião (Loud and Clear)
Autor: Robert J. Serling
Editora: Artenova
Páginas: 314

Tradução: Raul Xavier

O livro, conforme diz o título, fala sobre avião, ou melhor, sobre aviação. Conta muito sobre o início da era dos jatos. É um livro escrito em 1968/69 e portanto um tanto quanto desatualizado, mas ainda assim, é bem interessante para quem gosta do assunto. Fala sobre o início da era dos jatos, iniciando sobre como era a entrega de um Boeing 727 para a Northwest. Embora aborde muitos temas ligados a aviação, o foco principal do livro é a segurança aérea. E claro, ao longo de suas páginas muitos acidentes são narrados. Ele conta a história dos problemas que o Eletra teve, que o 727 teve e claro, aborda também a pirataria aérea, a colisão no ar, entre outros problemas. É um livro bom de ler, mas realmente muito desatualizado. Acredito que seria muito bom alguém escrever um livro parecido com esse com os dados do século XXI. 
É um livro para quem gosta de aviação, mas não deixa de ser interessante para qualquer pessoa. Entretanto, realmente é bem antigo. Nessa época ainda acreditavam que a Boeing lançaria um avião supersônico, coisa que não aconteceu. Ainda assim é uma boa leitura para os amantes da aviação. Nota 6.0 

sábado, fevereiro 06, 2021

Rainha do Lar? Uma ova!


Título: Rainha do Lar? Uma ova!
Autor: Onilza Braga
Editora: Rosa dos Tempos
Páginas: 96
ISBN: 8585363207

Esse livrinho, e digo livrinho porque ele tem apenas 96 páginas e eu o lí em poucas horas, fala do absurdo que mulheres sofrem pela pressão e cultura da sociedade de serem "Rainhas do Lar". Começa com a história de Sônia que queria uma experiência sexual e teve que "forçar a barra" para conseguir. Posteriormente ela teve um casamento que resultou em divórcio por se sentir muito explorada. Depois a autora conta algumas outras experiências de mulheres, que não sei foram reais ou não, mas que se submeteram de forma submissa aos seus marido, que eram sempre muito exigentes. É claro que ela dá conselhos diversos sobre como não cair nessa armadilha, pois nossa sociedade machista conspira de uma forma ou de outra para que experiências como essas aconteçam o tempo todo.
Acho que de uma certa forma ela tem razão, mas também acho que ela exagerou na "maldade" dos homens. Aos "olhos" do livro, parece que todos os homens se casam apenas para conseguir trabalho de cama e mesa de graça. Sei que isso acontece muito, mas também tem muito homem que sofre por mulher pelos mais variados motivos. Não é sempre que o homem está "por cima".
O livro é bom fácil de ler, apesar de ser bem curtinho. Acho que toda mulher explorada, e até homens machistas deveriam ler para melhorar suas vidas, quando não apenas para refletir essa injustiça social. De qualquer maneira é só perder algumas poucas horas que você termina o livro. Nota 6.0

O Lírio do Lodo


Título: O Lírio do Lodo
Autor: Donário J. de Souza
Editora: Não há editora especificada no livro
Páginas: 326 (327-328 As Unhas - Órgãos de transporte para o contágio)

"O Lírio do Lodo", segundo livro de Donário J. de Souza, meu avô por parte materna, é uma autobiografia onde ele conta a sua infância em Bom Jesus dos Meiras, hoje, cidade de Brumado, quando teve seu pai assassinado pelo amante da sua mãe, um negro chamado Justino Meira. Sua mãe foi indiciada como co-autora, e pegou 30 anos de prisão. Desde essa época a vida se tornou extremamente dura para Donário e seus irmãos, que foram "doados" para alguns tutores que eram péssimas pessoas e os tratava extremamente mal. Donário queria ficar perto da mãe, e pelo visto não guardou mágoas pela traição ao pai. Donário fugiu do seu tutor junto com um amigo e foi para perto da mãe. Chegou a morar no presídio por algum tempo. Mas a vida dele foi bem mais dura do que isso. Ele foi parar no exército e daí levado ao Rio de Janeiro. Lá conheceu minha avó, de nome Sebastiana, e se casaram quando ela tinha apenas 14 anos. Tiveram oito filhos, mas durante isso, ele acabou conseguindo se formar em medicina e filosofia, e exerceu a profissão de médico e professor por alguns anos. Depois se dedicou mais a medicina, onde tinha um consultório em Bangu, bairro do Rio de Janeiro onde morava. A vida melhorou, é claro, mas as origens pobres nunca o abandonaram. Ele viveu muitas experiências, principalmente no exército, onde foi lutar em rebeliões em São Paulo, Paraná e outros lugares. Uma coisa que me surpreendeu, é saber que ele foi jóquei, e chegou a ganhar corridas. Não sei se isso foi real ou talvez algum tipo de delírio. Eu nunca soube disso antes de ler essa obra.
Embora o livro seja uma autobiografia, o autor conta muito da história do Brasil, e mais tarde do estrangeiro. Ele tece comentários sobre política e acontecimentos importantes no Brasil e no mundo. Há alguns dados tão detalhados que fica difícil acreditar que tenha sido assim mesmo como ele conta.
O livro é bom de ler, mas tem um problema, é extremamente repetitivo. Ele conta a mesma história várias vezes, e na parte final se parece com um diário em que ele narra o seu dia a dia, entremeado com voltas ao passado, tanto na Bahia como no seu tempo de exército. E nessa parte chega a irritar de tanto quanto ele repete as mesmas coisas, como se quisesse esticar o livro. Mas acho que isso se deve mais a sua idade avançada. É mais um livro que seria recomendado para as pessoas que gostam de história do Brasil e do mundo, ainda que eu duvide que tudo aquilo seja o espelho real da verdade, mas infelizmente o livro foi publicado (em 1986), mas nunca distribuído, então não se tem acesso a ele. Nota 6.0