terça-feira, março 27, 2018

O Melhor do Conto Brasileiro 1

Título: O Melhor do Conto Brasileiro 1
Autor: Aníbal Machado, Josué Montello, Lygia Fagundes Telles e Orígenes Lessa
Editora: José Olympio
Páginas: 92

Como dá para inferir pelo título, esse é um livro de contos, com dois de cada autor. São eles: de Aníbal Machado, "Tati, a Garota" e "A Morte da Porta-Estandarte"; de Josué Montello, "Vidas Apagadas" e "Numa Véspera de Natal"; de Lygia Fagundes Telles, "As Formigas" e "A Mão no Ombro"; de Orígenes Lessa, "12 Viúvas, Enfermos e Encarcerados" e "O Esperança Futebol Clube".
São contos curtos e simples, na maioria gostosos de ler, mas sem muita profundidade. Lí esse livro, principalmente pelo "A Morte da Porta-Estandarte", que inclusive foi tema da escola de samba Imperatriz Leopoldinense em 1975 e que trata do assunto de ciúme. Um outro conto que destaco foi "Numa Véspera de Natal", que fala sobre o reencontro de uma mulher com seu ex-marido depois de muitos anos.
O conto "O Esperança Futebol Clube" é bom também, mas é mais um conto sobre futebol de várzea, que aparece com frequência nas coletâneas nacionais desse tipo de literatura.
É mais um livro passatempo. Excelente para se ler em uma fila de banco ou durante uma viagem. Nota 5.0

terça-feira, março 20, 2018

Rádio Cidade Perdida

Título: Rádio Cidade Perdida (Lost City Radio)
Autor: Daniel Alrcón
Editora: Rocco
Páginas 289
ISBN: 9788532522597

Tradução: Léa Viveiros de Castro

A história se passa em um país ao qual o autor não deu nome, mas levando-se em conta que ele é peruano, embora more na Califórnia, acho que a descrição do lugares devem lembrar o Peru. Norma é uma locutora de rádio que tem um programa chamado "Rádio Cidade Perdida", apreciado em todo o país, onde ela lê lista de nomes de pessoas desaparecidas, ou desencontradas. O país viveu uma guerra civil por muito tempo entre o governo e uma entidade chamada LI. Um garoto do interior que teve a mãe morta por afogamento é levado até a rádio com uma lista de nomes da 1797, como era designada a sua aldeia. Norma também sofre o desaparecimento de seu marido, Rey, uma espécie de botânico, que ia muito a selva fazer pesquisas, perto da 1797, onde ele conhecia algumas pessoas. Ele tem alguma ligação com a LI, embora bem distante. A história é sobre esses personagens e outros como Adela, mãe de Victor, Manau, professor e amante de Adela, e Zahir, um velho que morava na 1797.
É uma narrativa um pouco triste, por se ver um povo oprimido pelo estado e pelos revolucionários da LI. A pobreza dos camponeses desse país, a angústia de Norma para encontrar o marido, e o medo sempre presente em países com ditadura, são os principais ingredientes dessa narrativa.
É bom de ler, mas não diria que é ótimo. Algumas coisas que pareciam não encaixar vão ganhando sentido ao longo do texto, coisa que bons autores sabe fazer muito bem. É um livro sobre os problemas que passam países da América Latina, muitas vezes na mão de ditadores e revolucionários. Quem gosta dessas histórias vai gostar do livro. Nota 6.0

quinta-feira, março 01, 2018

Duelo

Título: Duelo (The Duel)
Autor: Tariq Ali
Editora: Record
Páginas: 347 (tem um índice no final)
ISBN: 978850188550

Tradução: Rodrigo Peixoto

O livro que tem como subtítulo (O Paquistão na rota de voo do poder americano) conta na verdade a história, sobretudo política do Paquistão. Tariq Ali  é uma pessoa importante do país, embora more em Londres, viaja muito para lá. Ele se envolveu com alguns políticos citados no relato dessa história, e tem obviamente posições políticas, mas parece ser bem coerente. É um livro que mostra que o Paquistão é muito mais do que o que nós ocidentais de um país distante e do terceiro mundo imagina, mas apesar da distância, não só geográfica como cultural, é inacreditável como os problemas de corrupção e descaso com a sociedade lá são parecidos com os problemas que temos aqui. Tanto no Paquistão como no Brasil, a impressão é que os políticos pensam muito em enriquecer, e muito pouco no povo. O subtítulo sobre a rota do poder americano tem a ver com a forma como os Estados Unidos intervêm, ou para ser mais coloquial, se metem no Paquistão. Obviamente há acertos e erros nisso, mas o Osama Bin Laden foi capturado lá e se não fosse uma "intervenção" não anunciada isso nunca aconteceria. É preciso criticar, mas também aceitar os erros.
É um livro bom para quem quer entender os problemas do sul da Ásia subdesenvolvida. O Paquistão poderia ser melhor do que é, mas está sob comando de pessoas venais e corruptas (assim como o Brasil), mas a leitura é boa, embora eu tenha levado quase que exatamente o mês inteiro de fevereiro lendo o livro de 347 páginas. Acho o livro muito recomendável para quem se interesse pelo assunto, ou mesmo queira conhecer mais do Paquistão e dos problemas daquela região. Nota 7.0