sábado, fevereiro 06, 2021

O Lírio do Lodo


Título: O Lírio do Lodo
Autor: Donário J. de Souza
Editora: Não há editora especificada no livro
Páginas: 326 (327-328 As Unhas - Órgãos de transporte para o contágio)

"O Lírio do Lodo", segundo livro de Donário J. de Souza, meu avô por parte materna, é uma autobiografia onde ele conta a sua infância em Bom Jesus dos Meiras, hoje, cidade de Brumado, quando teve seu pai assassinado pelo amante da sua mãe, um negro chamado Justino Meira. Sua mãe foi indiciada como co-autora, e pegou 30 anos de prisão. Desde essa época a vida se tornou extremamente dura para Donário e seus irmãos, que foram "doados" para alguns tutores que eram péssimas pessoas e os tratava extremamente mal. Donário queria ficar perto da mãe, e pelo visto não guardou mágoas pela traição ao pai. Donário fugiu do seu tutor junto com um amigo e foi para perto da mãe. Chegou a morar no presídio por algum tempo. Mas a vida dele foi bem mais dura do que isso. Ele foi parar no exército e daí levado ao Rio de Janeiro. Lá conheceu minha avó, de nome Sebastiana, e se casaram quando ela tinha apenas 14 anos. Tiveram oito filhos, mas durante isso, ele acabou conseguindo se formar em medicina e filosofia, e exerceu a profissão de médico e professor por alguns anos. Depois se dedicou mais a medicina, onde tinha um consultório em Bangu, bairro do Rio de Janeiro onde morava. A vida melhorou, é claro, mas as origens pobres nunca o abandonaram. Ele viveu muitas experiências, principalmente no exército, onde foi lutar em rebeliões em São Paulo, Paraná e outros lugares. Uma coisa que me surpreendeu, é saber que ele foi jóquei, e chegou a ganhar corridas. Não sei se isso foi real ou talvez algum tipo de delírio. Eu nunca soube disso antes de ler essa obra.
Embora o livro seja uma autobiografia, o autor conta muito da história do Brasil, e mais tarde do estrangeiro. Ele tece comentários sobre política e acontecimentos importantes no Brasil e no mundo. Há alguns dados tão detalhados que fica difícil acreditar que tenha sido assim mesmo como ele conta.
O livro é bom de ler, mas tem um problema, é extremamente repetitivo. Ele conta a mesma história várias vezes, e na parte final se parece com um diário em que ele narra o seu dia a dia, entremeado com voltas ao passado, tanto na Bahia como no seu tempo de exército. E nessa parte chega a irritar de tanto quanto ele repete as mesmas coisas, como se quisesse esticar o livro. Mas acho que isso se deve mais a sua idade avançada. É mais um livro que seria recomendado para as pessoas que gostam de história do Brasil e do mundo, ainda que eu duvide que tudo aquilo seja o espelho real da verdade, mas infelizmente o livro foi publicado (em 1986), mas nunca distribuído, então não se tem acesso a ele. Nota 6.0